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Morreu Carlos Lopes

7 de Junho de 2021


Polícia de choque na Ponte 25 de Abril (Carlos Lopes)

O fotojornalista Carlos Lopes morreu esta madrugada em Lisboa, aos 71 anos. Fez parte da equipa fundadora do “Público” em 1990, onde trabalhou até ter decidido reformar-se.

Natural de Lisboa, era um profundo conhecedor da cidade, da sua história e geografia. Em 1969 saiu de Portugal clandestinamente para não ter que fazer a guerra colonial. Com o jornalista José António Cerejo (os dois na época com 19 anos) atravessaram a fronteira de Vilar Formoso “a salto” – como então se dizia – e, a seguir, também clandestinamente, a de Hendaya (misturando-se com os trabalhadores que faziam o percurso Irun-Hendaya) e finalmente chegaram, à boleia, a Paris.

Carlos Lopes fica em Paris até Abril de 1974, onde trabalha na Renault e milita em grupos antifascistas e contra a guerra colonial. Cerejo ainda regressa a Portugal, é incorporado no exército e pouco depois deserta, indo viver para a Bélgica.

A paixão pela fotografia de Carlos Lopes já vinha de jovem – fotografa toda essa viagem “a salto” até Paris, ao lado de José António Cerejo. Quando volta a Portugal vai trabalhar para o Jornal Novo, fundado em 1975, e que foi dirigido por Artur Portela Filho e posteriormente por Daniel Proença de Carvalho e também por Helena Roseta. Trabalha também na revista Sábado (não na actual, mas uma revista lançada nos anos 80 com o mesmo nome, cujo primeiro director foi Miguel Sousa Tavares).

Carlos Lopes é autor de múltiplas reportagens fotográficas, como a de 1989 em Berlim, após a queda do muro. Em 1994, foi também o repórter que cobriu os protestos na ponte 25 de Abril por causa do aumento das portagens – o famoso “bloqueio da ponte” que acabaria por ser um dos factores a conduzir ao fim do cavaquismo. Carlos Lopes sofria há três anos de uma doença rara.

O corpo será cremado na segunda-feira, às 17 horas, no cemitério dos Olivais.

(“Público” – 6 junho 2021)

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