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Trabalhadores da Impala denunciam “teia de sociedades” na editora

25 de Fevereiro de 2021


A administração da Impala foi acusada de manter ordenados em atraso desde 2011, estando 174 trabalhadores da editora à espera de receber créditos salariais num valor que chega aos 2,85 milhões de euros, assim como de ter “mascarado” as contas da empresa, assim como alegados “ordenados e privilégios” pagos à família do administrador, através de uma “teia de mais de uma dezena de sociedades” criadas à volta da editora.

As acusações partem dos trabalhadores que foram ouvidos em audiência na Assembleia da República, com o grupo de trabalho da Comissão de Trabalho e Segurança Social, esta terça-feira.

Luís Monteiro Pereira, representante dos trabalhadores da Impala, descreveu o alegado esquema, uma “fórmula para se esquivar ao pagamento de dívidas que foi acumulando e dos créditos salariais de dezenas de trabalhadores que foi despedindo ao longo dos anos”. “Transferiu faturação do que é produzido pela Impala Editores (agora Descobrir Press), para outra empresa por ele detida a Euro Impala, agora Impala Multimédia. Esta segunda empresa faturou, entre outubro e dezembro de 2009, 120 milhões de euros sem ter um único funcionário. Desde 2012 a 2019, 156 milhões de euros, tendo no máximo 5 funcionários em simultâneo”, acusou o representante, sublinhando que os mais de 200 funcionários da empresa se mantiveram na Impala Editores.

A alegada “teia de sociedades” criadas à volta da editora da Impala, que “não tem atividade que não seja prestar serviços, teve como objetivo, segundo Luís Monteiro Pereira, criar “uma falsa ideia de estabilidade financeira, de forma a “poder aceder sucessivamente a um Plano Especial de Revitalização”. Desta forma, segundo explicou, foram “simuladas dificuldades financeiras além das reais na editora”, permitindo retirar privilégios para a família da administração, “escondido dos credores”.

Lamentando a realidade dos 174 trabalhadores da Impala que esperam que lhes seja pago o que é devido, “alguns à espera há mais de 10 anos”, o representante dos trabalhadores diz que, aquando do último despedimento coletivo, no final de 2020, a comissão de trabalhadores expôs as alegadas irregularidades e, segundo o representante, “apresentou soluções”, que não foram consideradas pela administração porque “não era do seu interesse”.

Ao mesmo tempo, Luís Monteiro Pereira sublinha ainda que, na transformação do edifício-sede da Impala, houve investimento de centenas de milhares de euros “prontamente disponibilizados pela administração”, apesar da situação financeira da empresa.

(“Correio da Manhã” – 24 fevereiro 2021)

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