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A nova vida da TVI

23 de Setembro de 2020


“A raiz é o que nos prende. É sempre o que nos prende. É aqui que reside a verdade das coisas e das pessoas, desbravando caminho. A liberdade é a recompensa da verdade. Acrescentamos-lhe compromisso. E inquietação”. (Waldemar Abreu)

Fiquei esmagado – ficámos todos, presumo –  com a profundidade do texto promocional da nova dupla de apresentadores do “Jornal das 8” da TVI, José Carvalho e Pedro Mourinho. Não é só a profundidade. É, também, a poesia da coisa. Já para não falar no cenário. E no desempenho dos actores.Pois é isso, a representação, que se dispensa nos pivôs de apresentação dos noticiários. Daí ter muita dificuldade em compreender a decisão da TVI de desterrar Pedro Pinto, em minha opinião o melhor apresentador de informação da TV portuguesa, para a apresentação do jornal da hora de almoço. 
Trocam Pedro Pinto, o pivô mais natural do panorama televisivo, que recusa poses de plástico, por Pedro Mourinho, alguém carregado de poses artificiais. Pedro Mourinho é o “pés-ao-alto”. É, com os pés, o equivalente ao “esfrega-as-mãos” da RTP, Adelino Faria.
Ninguém me tira da cabeça que a decisão de trocar Pedro Pinto por Pedro Mourinho pertenceu a Nuno Santos. É director-geral, pode fazê-lo. Mas não deve tomar decisões com base em critérios de amizade. O que as administrações das empresas esperam dos seus funcionários, em especial dos seus quadros dirigentes, são decisões racionais, baseadas em critérios de competência e mérito.
Quando encarada a sério, a apresentação de um noticiário de hora e meia não é tarefa fácil. Começa de manhã e acaba à noite. Ora, sendo Pedro Mourinho sub-director de Informação, interrogo-me como conseguirá ele levar a cabo as duas tarefas. Alguma coisa há-de sair prejudicada, mesmo que execute ambas as tarefas a meio tempo…
Esta nova fase da vida da TVI suscita muita curiosidade. E não é só na informação, onde de passam coisas estranhas – li, algures, que João Fernando Ramos, responsável editorial no Porto (subdirector), fica na dependência directa de Nuno Santos e não do director de Informação. Na área da programação, a relação Nuno Santos/Cristina Ferreira há de ser coisa muito interessante de acompanhar. No papel, é ele que manda. Carece de confirmação.

Waldemar Abreu – “Jornal de Barcelos” 23 setembro 2020

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