Home » Opinião

Temos um problema e uma revelação

29 de Maio de 2020


Em tempos de emergência, o Governo devia ver os seus poderes reforçados para poder limitar, também, o tempo dos “telejornais”. Já andamos nos 105 minutos (1 hora e 3/4). Com jeitinho, não tarda estamos nas duas horas. E se alguma das televisões comerciais decidir avançar para as 3 horas, a outra vai logo atrás. A RTP anda pelos 90´(hora e meia), chamando à meia hora de acrescento, agora criada, “especial informação”… (Waldemar Abreu)

Temos um problema
e uma revelação

Em tempos de emergência, o Governo devia ver os seus poderes reforçados para poder limitar, também, o tempo dos “telejornais”. Já andamos nos 105 minutos (1 hora e 3/4). Com jeitinho, não tarda estamos nas duas horas. E se alguma das televisões comerciais decidir avançar para as 3 horas, a outra vai logo atrás. A RTP anda pelos 90´(hora e meia), chamando à meia hora de acrescento, agora criada, “especial informação”…

É só covid-19. Já não há gente a morrer afogada no Mediterrâneo, desapareceram as sacrossantas questões económicas, a bola deixou de existir e nada mais se passa no mundo.

Há dias, no “Prós e Contras”, o psiquiatra Pedro Afonso chamava a atenção para a necessidade de as pessoas não estarem demasiado tempo a ver notícias, porque isso alimenta e aumenta a ansiedade e a angústia. No fundo, arruína a sanidade mental. Foi no programa de 30 de Março. Correu bem porque teve um bom naipe de convidados, sendo também de destacar a presença do investigador José Manuel Sobral. Já o “Prós e Contras” de 6 de Abril foi um desastre quase absoluto, com alguns momentos confrangedores. É o que dá convidar gente conhecida, só por ser conhecida…

Temos um problema com o “Sexta às 9”. Sandra Felgueiras exibe um protagonismo excessivo, diria mesmo doentio. Peças onde participe, é Sandra por todo o lado. Faz confusão nalgumas dessas peças aparecerem outros repórteres, mas de uma forma fugidia. Dá ideia que está ali uma equipa a trabalhar para ela, exclusivamente para ela brilhar. E quando ela aparece não vai de modas, divide o écran com os entrevistados, como se o destaque não devesse ser atribuído a esses convidados. Não me dei ao trabalho de ir verificar, mas até fiquei com a ideia de que, no último programa, a parte do écran onde ela aparece é um pouco maior do que a dos entrevistados. Nem de propósito. Na SIC, pouco depois, pudemos ver Pedro Freitas a entrevistar alguém e a colocar-se, em formato reduzido, no canto superior direito do écran. Como mandam as regras. E depois temos o estilo, cheio de exclusivos sem qualquer interesse, e, também, a forma como Sandra Felgueiras se apresenta. Parece uma árvore de natal. Noutros tempos, havia regras. Ninguém manda, na RTP?

No último “Expresso da Meia Noite” dei comigo a imaginar a Ângela Silva na qualidade de pivô de informação. Não partiu de mim, foi ela que me obrigou a isso. Pelo à-vontade e postura perante as câmaras. Tem brilho natural, algo de que muito poucos pivôs se podem gabar. Mas, principalmente, pelo domínio dos temas e o a-propósito com que intervém, nos momentos certos. Vê-se que há ali muitos anos de reportagem, de jornalismo a sério, o que, naturalmente, lhe fornece uma enorme vantagem. Não é, claramente, pessoa para lamechices ou histórias da carochinha. Esperemos que a coloquem no sítio certo. Sozinha, porque se estiver alguém ao lado fica completamente abafado. Como se tem visto. Os espectadores agradecem.

Waldemar Abreu – “Jornal de Barcelos” – À coca

Imprima esta página Imprima esta página

Comente esta notícia.

Escreva o seu comentário, ou linque para a notícia do seu site. Pode também subscrever os comentários subscrever comentários via RSS.

Agradecemos que o seu comentário esteja em consonância com o tema. Os comentários serão filtrados, antes de serem aprovados, apenas para evitar problemas relacionados com SPAM.