Entrega dos Prémios
Marcelo volta a apelar a soluções para superar a crise da comunicação social
A adoção de “formas de “incentivo geral e abstrato, por isso insuscetíveis de manipulação do poder político” à Comunicação Social foi ontem defendida pelo Presidente da República na cerimónia de atribuição dos Prémios Gazeta 2018, realizada no Pestana Palace Hotel, em Lisboa. Repetindo o apelo aos poderes públicos que lançara, no mesmo palco, há um ano, desafiou as associações de imprensa a reapresentarem as suas propostas ao Parlamento, nesta fase prévia à elaboração do Orçamento do Estado para o próximo ano.
Inscrevendo a liberdade de Imprensa na vitalidade da democracia, Marcelo Rebelo de Sousa alertou para a necessidade de serem permanentemente defendidas. “Se não for obra de todos os dias, criam-se vazios por onde entrará o que não defende a democracia, o pluralismo, a liberdade de Imprensa e de expressão”, avisou. O chefe de Estado fez questão, ainda assim, de exprimir otimismo: “Acredito que o sobressalto cívico vai ter corolários, porque não se trata de uma questão corporativa ou sectorial. Seria imperdoável que a democracia, que tanto tempo levou a criar, pudesse sofrer na sua afirmação cívica, social, comunitária, pela incúria no domínio da Comunicação Social. Isso não vai suceder enquanto durar a coragem do Clube de Jornalistas e a coragem daqueles que se apaixonam pelo jornalismo”.
De “antídotos” para o que caracteriza como “retrocesso selvagem na construção democrática” falou também Mário Zambujal. O presidente do Clube de Jornalistas, que atribui os mais prestigiados prémios nacionais de Jornalismo, considerou os jornalistas distinguidos um “garante de que o jornalismo de qualidade continua a existir”. E afirmou uma convicção: “Não podemos duvidar de que o Jornalismo continuará a ser a via da liberdade”.
Pelas intervenções dos patrocinadores dos prémios, que destacaram o facto de resultarem de escolha pelos pares, perpassou a preocupação quanto a fenómenos como a desinformação. Carlos Gomes da Silva, presidente da Galp, falou da “corrida para o instantâneo”, que convoca “vertentes perversas” e prejudica o jornalismo de qualidade. Pedro Castro Almeida, presidente do Santander, abordou a questão sob uma perspetiva semelhante, ao identificar o “bom jornalismo, que há de prevalecer, como instrumento de resposta às “redes sociais sem escrutínio”. Já o anfitrião da cerimónia – Castanheira Lopes, presidente das Pousadas de Portugal – não hesitou em considerar a Comunicação Social um “pilar essencial de sociedades desenvolvidas”.
Paulo Martins