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Impunidade continua à solta na Madeira

8 de Março de 2012


A situação na Madeira vai de mal a pior. O jornal “Madeira Livre”, órgão oficial do PPD/PSD regional, na sua edição deste mês, desce mais uma vez ao porão da indecência: publica a fotografia e o nome de 5 jornalistas locais que classifica de “indígenas que também viram contra nós a opinião pública do Continente”, numa clara tentativa de os desacreditar perante os seus militantes e de abrir caminho à sua perseguição. (RC)

Acontece que o PPD/PSD da Madeira está no poder há 36 anos e impôs na região uma caricatura de democracia – o que não impediu que o actual primeiro-ministro de Portugal e líder do PPD/PSD nacional convidasse o ditadorzeco Alberto João Jardim, líder dos chamados sociais-democratas locais, para seu mandatário regional nas recentes eleições do PPD/PSD nacional. Um despudor inqualificável.

Isto é: como já acontecera com Manuela Ferreira Leite, a anterior líder nacional do partido laranja, que só via défice democrático em Lisboa e o paraíso democrático na Madeira, também Pedro Passos Coelho mantém Jardim com as costas quentes, continuando a dar cobertura aos seus dislates. Que estão longe de se limitar à indigna publicação de fotografias de jornalistas ‘indígenas’ execrados publicamente como inimigos a abater. Basta por exemplo, ver como funcionam o Parlamento e o governo regionais, como ali são gastos os dinheiros públicos, insultados e perseguidos os opositores.Tudo com o ámen, ou o silêncio, da Igreja local e do Poder em Lisboa, esteja ele no Terreiro do Paço, em S. Bento ou em Belém.

E apesar da dupla Passos Coelho/Vítor Gaspar, no que toca à monumental dívida da Madeira (nunca tão poucos deveram tanto), usar uma aparente voz grossa, hoje já é público e notório que isso foi apenas para inglês ver, pois o Orçamento Regional 2012, seguramente com a concordância de Lisboa, reservou 3,1 milhões de euros – que na prática vai ser bem mais – para que o Jornal da Madeira, órgão oficioso do regime regional, continue de portas abertas a fazer propaganda à trupe jardinesca.

Resumindo: com voz grossa ou voz meiga, é inadiável que se ponha cobro aos desmandos de Jardim&Companhia. Desmandos que não apenas financeiros. O défice democrático naquela região dita autónoma é, para nossa vergonha, bem mais grave ainda.

Ribeiro Cardoso

 

Sobre este assunto, o Sindicato dos Jornalistas emitiu o seguinte comunicado:

SJ repudia caça às bruxas na Madeira

1. O jornal oficial do PSD-Madeira, “Madeira Livre”, publicou, na última página da sua edição de Março, um conjunto de fotografias de cinco jornalistas que naquela região autónoma prestam serviço em órgãos de informação de âmbito nacional encimado pelo seguinte título: “São estes indígenas que também viram contra nós a opinião pública do Continente”.
2. Embora não sendo inédita a publicação de fotografias de jornalistas que o PSD-Madeira parece reputar como “inimigos” – seus ou da Madeira – , a inserção das fotos, acompanhadas da respectiva identificação, e a classificação que é imputada aos nossos camaradas Tolentino Nóbrega (“Público”), Lília Bernardes (“Diário de Notícias”), Nicolau Fernandes (TSF), Gil Rosa (RTP) e Egídio Carreira (RDP), suscita séria preocupação ao Sindicato dos Jornalistas.
3. Em primeiro lugar, porque evidencia uma extrema dificuldade do PSD-Madeira em lidar com uma realidade inelutável: os jornalistas, e em particular os visados, não estão ao seu serviço nem são instrumentos da propaganda do Governo Regional ou de silenciamento da grave situação na região. Tal dificuldade é grave num partido que faz parte do sistema democrático.
4. Em segundo lugar, tal prática configura uma tentativa de condicionamento da liberdade dos jornalistas, pode constituir uma instigação, nomeadamente para os militantes e simpatizante do PSD-Madeira, à perseguição dos jornalistas visados, ou pelo menos uma indicação implícita a atitudes incorrectas para com os visados. A confirmar-se, trata-se de uma consigna perigosa para a liberdade de imprensa na região e um acto antidemocrático intolerável, sendo mesmo de recear uma caça às bruxas na Região Autónoma da Madeira.
5. A Direcção Nacional do Sindicato dos Jornalistas manifesta total solidariedade para com os profissionais visados, reafirma a sua convicção de que os jornalistas em serviço na Madeira desempenham a profissão com o maior esforço de profissionalismo, repudia a provocação do PSD-Madeira, exorta os seus dirigentes a porem cobro a atitudes como estas e apela a maior vigilância por parte de todos os jornalistas contra provocações e quaisquer tentativas de condicionar o seu trabalho.

Lisboa, 1 de Março de 2012

A Direcção

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