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Ordem da Liberdade para Tolentino

Um grupo de jornalistas, amigos muito próximos e pessoas desde sempre ligadas à comunicação social decidiu vir a público defender a atribuição da Ordem da Liberdade, a título póstumo, ao jornalista madeirense Tolentino de Nóbrega, falecido no passado dia 7 de Abril, no Funchal. (ver edição de hoje do jornal “Público”) [1]
Foi tardia esta tomada de posição – mas justa. E normal em Portugal – onde sempre se elogia os mortos que foram esquecidos em vida. (RC)

Todos, ou quase todos, andámos, ao longo de décadas, distraídos e/ou silenciosos e cúmplices com a realidade madeirense, uma imperdoável mancha negra no Portugal de Abril, onde um miserável aprendiz de ditador perseguiu cidadãos, tripudiou sobre jornais e jornalistas, transformou a Assembleia Legislativa num arremedo de órgão democrático, insultou tudo e todos (até o sr. Silva, o residente em Belém, lembram-se?) e permitiu – se é que a coisa não foi, como suspeito, muito mais grave do que a permissão – que um movimento terrorista chamado FLAMA pusesse bombas em tudo o que era sítio, incluindo uma debaixo do carro de Tolentino de Nóbrega.

Apesar disso, ainda hoje vemos jornalistas a entrevistar com reverência o ex-líder madeirense, nunca o colocando de forma séria face às suas responsabilidades como governante perante os desgraçados resultados de quase quatro décadas de governação local. Para já nem falar do modo como tratou os profissionais da comunicação e a liberdade de imprensa e de expressão.

Seja como for quero-me associar ao pedido de atribuição da Ordem da Liberdade ao meu camarada Tolentino – em cujo funeral estive presente em nome do Clube de Jornalistas, que em vida lhe atribuiu um Prémio Gazeta, o maior e mais respeitado galardão do jornalismo português. Lembrando-me – excelente aviso à navegação quanto à situação política madeirense – que o chamado novo PSD madeirense, na hora da saída de Jardim, o nomeou seu presidente honorário…

Dito isto, quero ainda, em homenagem sentida a Tolentino, publicar, neste site do Clube de Jornalistas, cinco capítulos do meu livro “Jardim, a grande fraude”, saído em 2011, todos relacionados com o comportamento do Presidente do Governo Regional face aos media locais e nacionais – e onde aparecem numerosas transcrições de textos de Tolentino de Nóbrega publicados no jornal “Público”. Para se compreender o que era ser jornalista sério e vertical na Madeira.

E por fim quero acrescentar um pormenor que para mim é de grande relevância: Tolentino esteve sempre activamente ligado às instituições de classe. Entre nós, jornalistas de todo o país, a dimensão de Tolentino ultrapassava o isolamento ilhéu – o seu nome, de cidadão e de profissional, era por todos respeitado e admirado. E constituía uma mais valia exemplar.

Ribeiro Cardoso

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Excertos do Livro “Jardim, a Grande Fraude” (PDF) [2]