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«Despedi-me ontem do “Expresso”»

5 de Dezembro de 2019


Despedi-me ontem do Expresso e da apresentação do Expresso da Meia Noite, na SIC Notícias. Saio por decisão minha, ao fim de quase 14 anos no Expresso. Saio com mais amigos, mais mundo e uma experiência incomparável com a que tinha em 2006, quando a Cristina Figueiredo, o João Garcia e o Henrique Monteiro me foram contratar ao DN.

Ao longo destes anos escrevi para todas – mesmo todas – as editorias do jornal, assinei notícias, reportagens, crónicas, fiz comentário político na SIC, lancei um podcast semanal de análise política, em resposta a um desafio do Pedro Santos Guerreiro, e, também por proposta do Pedro, integrei a equipa do Expresso Curto e tornei-me co-apresentador do Expresso da Meia Noite (onde o Ricardo Costa e o Bernardo Ferrão foram os melhores camaradas que podia ter).

Apesar deste caminho, continuei até ao último dia com o mesmo estatuto com que entrei no jornal – nenhum. Entrei e saí como soldado raso. É uma realidade que muitos ex-camaradas de redação conhecem bem: num jornal sem perspetivas de carreira, a única hipótese de progredir é entrar para as chefias.

Orgulho-me do que fiz nestes anos e só lamento o que não me foi permitido fazer. Podia ter feito muito mais.

Deixo no Expresso muito trabalho, alguns bons amigos e um cartaz de Bollywood que adorna a editoria de política. Acredito que honrei o bom jornalismo, julgo que nunca me levei excessivamente a sério e sei que me diverti. Como balanço, não é mau.

Entretanto, houve um deslaçamento, à medida que fui deixando de me rever nalgumas opções estruturantes do jornal. Quem está mal tem duas opções: amocha ou muda-se. Optei por mudar-me.

Devo esta explicação a quem me lia, a quem me tem feito chegar manifestações de apreço pelo meu trabalho e a quem me tem perguntado sobre as razões da minha saída – palavras que agradeço, tanto mais quando não as ouvi do meu diretor.

Sou jornalista há 27 anos, metade desse tempo no Expresso, que foi a 9ª redação onde trabalhei. Não tenho a certeza de chegar ao 28º ano de profissão ou à 10ª redação. Veremos.

Como cantava o enorme Tony de Matos, para onde vou, não sei; o que farei, sei lá. Mas, como dizia outro grande artista português, sei que vou andar por aí.

Filipe Santos Costa – Facebook – 30 November 2019

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