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História do jornal “Tal & Qual” contada em livro

Obra recorda as histórias de um dos mais singulares títulos da imprensa portuguesa.

O “Tal & Qual” teve o seu período. Hoje vivemos noutro tempo e só temos que honrar o que fizemos. É verdade que tudo foi difícil mas deu um gozo danado. Joaquim Letria, hoje com 76 anos, lembra assim o jornal que fundou em 1980 e que até 2007 marcou o jornalismo nacional. As histórias que ficaram para contar são muitas e algumas delas estão agora compiladas no livro Tal & Qual (Ed. Âncora), da autoria de Gonçalo Pereira Rosa e José Paulo Fafe, ontem apresentado na Feira do Livro de Lisboa.

A obra é um esforço coletivo, que reúne testemunhos de 24 jornalistas que, em várias épocas, passaram pelo “Tal & Qual” e ainda mais sete pessoas que aceitaram contar a sua história.

As dificuldades que tivemos no arranque, desde o financiamento até ao local onde o fazer é aquilo que mais me recordo do início. Depois foi fácil: foi só contar a verdade, contar histórias e mostrar as pessoas, recordou Joaquim Letria ao CM. Na altura não tínhamos a ideia de que estávamos a criar algo que pudesse ser uma pedrada no charco, nem sequer esse era o objetivo. O que queríamos era dar continuidade a um programa de televisão com o mesmo nome, diz o jornalista que em 1980 foi desafiado para fundar o título. Eu era apenas um modesto jornalista que fui enganado e abusado por um homem chamado Ramón Font [outro dos fundadores, com Rocha Vieira e Hernâni Santos] que me fez um filho chamado “Tal & Qual”, ironizou Letria.

O autor Gonçalo Pereira Rosa lembra um jornal criado por repórteres, sem capital de fundo, sem certezas, só com dúvidas e que viveu da ousadia e da loucura dos seus quatro fundadores, enquanto José Paulo Fafe, coautor e jornalista que também passou pelo semanário, recorda um espaço de liberdade que contava a vida tal e qual ela era, como uma obsessão. O “Tal & Qual” era um cocktail de quatro ingredientes fundamentais que fizeram dele um sucesso: liberdade, irreverência, rigor e seriedade.

(Miguel Azevedo – “Correio da Manhã” 11 setembro 2020)