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Temos o destino que merecemos

É para que que estes assuntos, como também o da privatização dos setores estratégicos da energia (EDP e REN) dos portos e aeroportos, não entrem na casa dos portugueses que existem os Big Brother e os Marques Mendes! Nós merecemo-los. (Carlos Matos Gomes)

Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos. A frase é atribuída a Einstein. Eu sou adepto dela.
Ontem a nova TVI Douro Azul informava a partir da estação do Pinhão que o programa Big Brother fora o programa de entretenimento mais visto em Portugal. Mais de um milhão de espreitas das intimidades de uns jovens compatriotas disponíveis para as partilharem.

Numa entrevista a Marques Mendes, o Público informava ontem, 1 de Agosto, que o rei dos boatos e insinuações sob a capa de comentário político era reverentemente assistido por cerca de 2 milhões de portugueses que dele recebiam as elocubrações com a confiança com que recebem radiografias e TACs dos hospitais universitários.

Admitindo que os espreitas da casa da Douro Azul não devem ser os mesmos que os fiéis das missas de Marques Mendes, temos 3 milhões e meio de portugueses!

Mesmo descontando os que não têm televisão, cerca de um milhão, os jovens e os velhos desinteressados, isto quer dizer que mais de um terço dos portugueses navega intelectual e civicamente nestas águas entre o Big Brother e o MM. Que são os assuntos por eles sublinhados os do seu interesse, que são deles as grelhas de leitura do que se passa à sua volta.
Não admira, estatisticamente, que o caso do Novo Banco seja um assunto menor.

Como menores foram também foram para boa parte da nossa comunidade nacional os saques do BPN, do BANIF, do BPP e o assalto ao sistema financeiro, com o BES envolvido numa cortina de fumo que não faz parte da casa do Big Brother…

É para que que estes assuntos, como também o da privatização dos setores estratégicos da energia (EDP e REN) dos portos e aeroportos, não entrem na casa dos portugueses que existem os Big Brother e os Marques Mendes! Nós merecemo-los.

É para nós os merecermos que há quem compre estações de televisão….

Quem compra estações de TV acredita que existem anjos e anjinhos. Existem, são os crentes destas pregações, que acreditam que estes artistas estão a trabalhar para o bem comum e a mostrar o que de melhor temos!
Dizia Marques Mendes, no Público, “Corro o risco de pensarem que sou petulante”.

Não senhor, nós gostamos. Temo-lo em muito boa conta. Petulante era o Padre António Vieira, mas esse não fazia charlas nem entrava no Big Brother,

Carlos Matos Gomes – Facebook 2 agosto 2020