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“Sexta às 9” terça à tarde no Parlamento

A jornalista Sandra Felgueiras, a directora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso, e o conselho de administração da RTP, presidido por Gonçalo Reis, foram ouvidos esta terça-feira no Parlamento, a pedido do PSD, sobre a decisão do adiamento do programa “Sexta às 9” da RTP1.

Sandra Felgueiras disse que “era possível” ter emitido o programa “Sexta às 9” em 13 de setembro com o tema do lítio, acrescentando que antes o programa nunca tinha sido suspenso durante campanhas eleitorais.
“Se me perguntam diretamente se era possível fazer o programa ‘Sexta às 9’ durante o mês de setembro, a minha resposta é ‘sim, era possível com o lítio'”, disse Sandra Felgueiras numa audição na comissão de Cultura e Comunicação, na Assembleia da República, em Lisboa.
A jornalista acrescentou que “nunca” na sua vida, “em oito anos de coordenação” do ‘Sexta às 9’, o programa teve “uma suspensão durante um ato eleitoral”.

Na audiência que se seguiu, a diretora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso afirmou que o adiamento do programa “Sexta às 9” não teve interferência do Governo, e justificou a mudança com a programação eleitoral: “a interrupção do programa não teve que ver com nenhuma notícia que o programa estivesse a investigar”. “A decisão prioritária que nós tomámos e que eu tomei foi de fazer uma cobertura das últimas legislativas de uma forma plena e até, por vezes, exaustiva”, garantiu a diretora de informação da RTP.

Relativamente às notícias sobre a exploração de lítio, Flor Pedroso sublinhou que “esta direção de informação não guarda notícias na gaveta. À direção de informação, à coordenação da RTP, não chegou a informação de que havia a notícia X e que estava pronta para ir para o ar”.
No entanto, anteriormente, a diretora da RTP dissera que a direção “sabia que isto [o lítio] estava a ser investigado”, mas que ninguém abordou a estrutura com a abordagem “há isto, vou fazer, vamos programar”. 

“A RTP não suspendeu programa nenhum durante a campanha eleitoral. Suspender, do meu ponto de vista, era uma de duas coisas: para já, tem uma carga negativa, a suspensão. Eu não tenciono acabar com nenhum dos programas, e portanto não suspendi nenhum. Por outro lado, a possibilidade de avaliar se o programa continuaria ou não. Nada disso passou pela nossa cabeça”, garantiu a diretora de informação.

A tarde contou ainda com a audição do presidente do Conselho de Administração da RTP, Gonçalo Reis, que garantiu ter “toda a confiança” na direção de informação da estação pública, bem como na coordenadora do “Sexta às 9”, Sandra Felgueiras. “Tal como a direção de informação nos tem dito, o programa é para continuar e com a Sandra Felgueiras”, reforçou em resposta aos deputados.

Em causa está o polémico adiamento do regresso do programa ‘Sexta às 9’, inicialmente previsto para 13 de setembro, com uma investigação sobre a concessão de lítio no concelho de Montalegre. A reportagem, comprometedora para o Governo, acabou por ser transmitida dia 11 de outubro, já depois das eleições Legislativas.

Acompanhe ao Minuto:

18h00 –
Termina a terceira e última audição sobre o caso do adiamento do programa “Sexta às 9” da RTP1 com intervenções de Gonçalo Reis, Presidente do Conselho da Administração da RTP.

17h45 –
O Conselho de Administração da RTP sabia de algumas alterações expectáveis à grelha devido às eleições, mas sublinha no entanto que não sabia quais os programas que seriam “interrompidos”.

17h35 –
“Nós colocámos no plano de atividades para 2020 uma proposta de fazer contratações para posições técnicas”, responde Gonçalo Reis sobre a questão laboral. Sobre o programa conduzido por Sandra Felgueiras, Gonçalo Reis reafirma que o Conselho da Administração da RTP tem “toda a confiança na Direção de Informação e na coordenação do programa ‘Sexta às 9’. O programa é para continuar com a Sandra Felgueiras”.

17h25 –
Jorge Costa, do BE, questiona o Presidente do Conselho de Administração da RTP acerca dos precários referidos ao longo das audições da tarde e sobre o contacto que este mantém com a jornalista Sandra Felgueiras. 

17h15 –
“Antigamente havia intervenção política na RTP. Isso já não existe”, afirma Gonçalo Reis, reforçando a confiança na Direção de Informação do canal público.

17h10 –
Tem início a audição a Gonçalo Reis, Presidente do Conselho de Administração da RTP.

17h00 –
No fim da audição, de Maria Flor Pedroso deixou dois documentos aos grupos parlamentares: o primeiro desmentido da Direção de Informação RTP, datado de 17 de setembro; e as duas tomadas de posição públicas que a Direção de Informação da RTP fez, comunicadas a 30 de setembro.

16h53 –
Maria Flor Pedroso confessa que, antes da reunião de 23 de agosto, nem ela nem Cândida Pinto tinham ideia da suspensão do programa. 

16h47 –
O Diretor-adjunto de Informação da RTP, António José Teixeira, intervém a pedido de Maria Flor Pedroso e reforça a ideia de é impossível que a Direção de Informação do canal público “tivesse uma notícia na gaveta, nomeadamente sobre o lítio. Não houve qualquer reportagem pronta para ir para o ar que estivesse guardada”.

16h45 –
“Não, esta direção não foi sujeita a pressões, nem do Governo nem da oposição porque não é permeável a elas”, responde Maria Flor Pedroso à questão colocada pela deputada Cristina Rodrigues, do PAN, sobre se teria existido algum tipo de pressão. 

16h36 –
“Não nos foi dado conhecimento de que havia uma notícia. Sabíamos que isto estava a ser investigado”, responde Maria Flor Pedroso.
Diretora acrescenta que, quando o programa foi de “férias”, em julho, alguns jornalistas abandonaram a equipa. Perante a situação, 
e após a reunião do dia 23 de agosto onde estiveram presentes Maria Flor Pedroso, Cândida Pinto e Sandra Felgueiras, a decisão foi retomar o programa após as eleições. “Se forem ver a grelha, só havia de facto um dia livre”, acrescenta, para rematar “esta Direção de Informação não guarda notícias na gaveta”.

16h30 –
A deputada Ana Rita Bessa, do Grupo Parlamentar do CDS-PP, questiona Diretora de Informação sobre os critérios usados para a escolha dos programas na grelha, visto que no dia 13 de setembro, data à qual deveria passar a reportagem sobre o lítio, não foram transmitidos conteúdos sobre as eleições.

16h20 –
“Lutarei para que não haja precariedade”, responde Flor Pedroso relativamente à questão da precariedade das equipas e dos funcionários, colocada pelo Grupo Parlamentar do PCP. 

16h10 –
“Todos os programas na grelha de informação pós telejornal é 30 minutos. O mais curto que o programa foi, foi 28 minutos, que foi precisamente no dia 18 de outubro, no dia que o Telejornal fez 60 anos”, justifica Maria Flor Pedroso sobre a suposta redução na duração dos programas do “Sexta às 9”. 
“Eu não acredito que haja um jornalista da RTP que tem uma notícia e não a dá. Nós sabíamos obviamente o que é que os programas estão a tratar. A questão do lítio nem era novidade. Estas notícias abriram os noticiários mais importantes”, esclarece.

16h00 –
O deputado do Grupo Parlamentar do BE, Jorge Costa, apresenta duas contradições: o ajuste da grelha e o facto de, a 30 de outubro, a RTP ter esclarecido que a reportagem sobre o lítio só ficou pronta “horas antes” da sua divulgação.

15h50 –
“Nunca passou pela nossa cabeça alguma vez acabar com o programa”, afirma Maria Flor Pedroso, para depois falar no caso dos trabalhadores precários, questão colocada por José Magalhães, do Grupo Parlamentar do PS.
“A RTP ainda tem falsos recibos verdes, na Direção de Informação de Televisão”, revela, admitindo que alguns desses colaboradores trabalharam com Sandra Felgueiras. 

15h40 –
“Sinto todo o apoio. Sinto voto de confiança. Não sinto que eu ou a minha direção esteja beliscada por causa deste caso”, afirma a Diretora de Informação da RTP.
A “interrupção do programa não tem nada a ver com alguma informação que o programa estivesse a dar. A decisão prioritária foi a de fazer uma cobertura da campanha eleitoral de forma plena e, por vezes exaustiva”, referiu Flor Pedroso, acrescentando que “foi preciso sacrificar alguns formatos”, nomeadamente o programa conduzido pela jornalista Sandra Felgueiras. 

15h33 –
Começa a audição de Maria Flor Pedroso. Diretora de Informação da RTP é questionada pelo Grupo parlamentar do PSD sobre os “ajustes” à grelha, a decisão da suspensão do programa “Sexta às 9”, a redução da duração do programa.

15h24 –
“Qualquer servidor público deve saber que não está acima da lei e do escrutínio. Nós não nos podemos acomodar a fazer agenda de informação e como se dizia noutros tempos “propaganda”. Temos mesmo que ter espinha dorsal. E temos que fazer jornalismo, doa a quem doer”, refere Sandra Felgueiras no encerramento da audição.

15h14 –
“Eu tenho a certeza absoluta da factualidade que apresentei no programa”, afirmou Sandra Felgueiras. 
A jornalista refere que, dias antes das eleiões, a diretora-adjunta de informação, Cândida Pinto, foi avisada de que um dos visados da reportagem seria João Galamba.

15h10 –
“Não o proporia porque é uma investigação que não é explicável num tempo regulamentar do telejornal”, diz e acrescenta que lhe foi dito que tinha “todo o à vontade para fazer peças”. “Não me sinto presa com este cargo, pelo contrário. Sinto-me útil à RTP”, remata.
Após a emissão da reportagem sobre o lítio, “o secretário de estado, João Galamba, fez um contato via assessores à Direção de Informação [RTP]”.
A jornalista foi chamada pela Direção e foi informada de que o secretário de estado iria estar presente no programa.

15h05 –
Deputada do CDS, Ana Rita Bessa, questiona a jornalista sobre se houve discussão sobre o tema do lítio com a direção de informação. 

15h03 –
“A minha liberdade de ação serve para coordenar esta equipa”, responde a jornalista.

14h50 –
A deputada do grupo parlamentar do PCP, Diana Ferreira, pede esclarecimentos sobre a precariedade da equipa do “Sexta às 9”, nomeadamente os salários baixos, a precariedade da equipa e as condições de trabalho da mesma.  14h36 – “Não há nenhum processo de intenções contra ninguém”, começou por responder a jornalista, que aponta as dificuldades devido ao número muito reduzido de membros da equipa do programa “Sexta às 9”. 
“Em junho, com uma equipa esgotadíssima pelo trabalho, a diretora-adjunta perguntou a todos como se sentiam e alguns começaram a chorar. A diretora-adjunta não perguntou como me sentia, mas se perguntar quem fez o ‘Sexta às 9’ e chamar todos os repórteres, todos responderão que fui eu”, confessa Sandra Felgueiras que admite que colocou o lugar várias vezes à disposição. “Nunca aconteceu”, remata. 

14h30 –
“Houve alguma interferência no trabalho da equipa [de jornalistas]?”, questionou o deputado do grupo parlamentar do PS, José Magalhães. 

14h30 – A jornalista revela que foi convocada para uma reunião presencial com Cândida Pinto e Maria Flor Pedroso, a 23 de agosto, e foi informada de que o programa “Sexta às 9” voltaria a 11 de outubro e não a 13 de setembro, como estipulado anteriormente, devido a “ajustes na grelha”. “Nunca em 8 anos de programa tive uma suspensão durante um ato eleitoral”, afirma Sandra. “Se me perguntam diretamente se era possível fazer o programa ‘Sexta às 9’ durante o mês de setembro, a minha resposta é ‘sim, era possível com o lítio'”, acrescenta.

14h20 – “Jornalista Sandra Felgueiras e “Sexta às 9″ foram sacrificados num frete político”. O deputado do Grupo parlamentar do PSD, Paulo Oliveira, começou por colocar um conjunto de perguntas à jornalista, nomeadamente sobre a grelha de programação para setembro. Sandra Felgueiras foi também questionada sobre se sabia que aquele tema estaria em cima da mesa e se teria sofrido pressões da redação. 

14h18 – Começa a audição à jornalista Sandra Felgueiras.

(“Correio da Manhã” – 3 dezembro 2019)