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Na morte como na vida, Rogério Rodrigues

No passado sábado, no último adeus ao jornalista Rogério Rodrigues, entre muitos cidadãos estiveram, naturalmente, muitos jornalistas. Numa improvisação nas escadas exteriores da Igreja Matriz da Amadora, a família, sob a ‘direcção’ do filho mais velho, Tiago Rodrigues, organizou uma despedida à maneira do pai: tudo muito informal, sem gravata, uma instalação sonora, um microfone que, alternadamente os dois filhos – Tiago e Diogo – seguravam para vários amigos, sobre Rogério, contarem o que lhes ia na alma. (RC)

Apeteceu-me dizer ‘Foi bonita a festa, pá!’ Por vários motivos: pelas intervenções dos amigos de Rogério, jornalistas ou simplesmente seus conterrâneos de Peredo dos Castelhanos (aldeia do concelho de Torre de Moncorvo onde muitas vezes se refugiou), que dele traçaram um perfil multifacetado, onde sobressaía sempre o homem sério, não conformado, culto, o jornalista competente, o poeta da vida, dos livros, dos jornais, dos copos, o cidadão preocupado com o seu semelhante e o seu  país. O mação. E o Tiago, que do pai disse coisas sentidas, prestou-lhe, juntamente com a família, uma última e irreverente homenagem: por entre cravos bem vermelhos, foram distribuídos pelos presentes uns mini, mas muito mini mesmo, copos de plástico com pingos de whisky para que todos bebessem a última gota em nome e para gozo do pai.

Silenciosa e atenta a todos os pormenores, estava uma mulher linda, por fora e por dentro: Arlete, companheira de Rogério uma vida inteira, mãe dos seus dois filhos, sempre com a neta adolescente a si agarrada. Não se lhe ouviu uma palavra. Discreta, apesar de estar a jogar em casa: médica da Casa da Imprensa há décadas, além de conhecer o Rogério como ninguém, é também a mulher que melhor conhece, por dentro e por fora, os jornalistas portugueses.

Ribeiro Cardoso