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Castrim, nome mítico do jornalismo português

15 de Outubro de 2013


Há onze anos, a 15 de Outubro de 2002, Mário Castrim – jornalista, crítico de televisão, professor e poeta – partiu para a viagem sem regresso. Era, e permanece, um nome mítico do jornalismo português. A sua imagem e a sua memória continuam vivas – para os muitos que o amaram e para os muitos que o odiaram, pois a sua ironia e a sua pontaria certeira, na forma de um português sem mácula, não deixaram ninguém indiferente. (RC)

Dele falo com paixão e gratidão: conheci-o na redacção do Diário de Lisboa em 1971 e muito o admirei e muito com ele aprendi enquanto jornalista e cidadão. Uma redacção que recordo com saudade: foram anos a fio a conviver, a aprender e a crescer com homens e mulheres como Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Maria Judite de Carvalho, Luís Sttau Monteiro, Raul Rego, Ernesto Sampaio, Pedro Alvim, Alberto Villaverde Cabral, Alice Nicolau, Manuel de Azevedo, Vítor Direito, Mário Zambujal ou Fernando Assis Pacheco, para só falar de alguns nomes mas sem esquecer José Cardoso Pires, que durante um ano foi subdirector daquele inesquecível vespertino lisboeta.

Neste 11º aniversário do seu adeus silencioso, recordo Mário Castrim pensando na também jornalista e escritora Alice Vieira, sua paixão e mãe dos seus dois filhos, e republicando o seu último poema, escrito na cama do hospital uma semana antes de partir:

Lágrimas, não. Lágrimas, não. A sério –
Enfim, não digo que. É natural.
Mas pronto. Adeus, prazer em conhecer-vos –
Filhos, sejamos práticos, sadios.

Nada de flores. Rigorosamente.
Nem as velas, está bem? Se as acenderem
Sou homem para me levantar e vir
soprá-las, e cantar os «parabéns».

Não falem baixo: é tarde para segredos.
Conversem, mas de modo que eu também
oiça, e melhor a grande noite passe.

Peço pouco na hora desprendida:
Fique eu em vós apenas como se
Tudo não fosse mais que um sonho bom.

(publicado no Jornal “Avante!”, onde o Mário militantemente colaborou ao longo de muitos anos)

Ribeiro Cardoso

PS: Uma das entrevistas mais significativas de Mário Castrim foi a que deu à jornalista Maria Augusta Silva. Lendo-a, fica-se com um retrato muito aproximado desse jornalista, escritor e cidadão maior. Está no site “Casal das Letras”, de Maria Augusta Silva/Pedro Foyos. 

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