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Papagaios televisivos

17 de Setembro de 2019


No tempo em que o futebol era modalidade desportiva do, para e com o povo, jogava-se à defesa e ao ataque, havia contra-ataques, o guarda-redes era keeper, na defesa eram backs e stoppers, no meio-campo middle-fields, forwarders no ataque. O canto dizia-se corner. O fora de jogo offside. O treinador míster ou coach. O árbitro referee. (Jorge Coroado)


Apesar da globalização, do ensino obrigatório de inglês, aqueles termos, arrebanhados à dita pátria do football, perderam-se na espuma dos tempos. A adoção da modalidade como disciplina nos cursos de Educação Física, a chegada de licenciados, primeiro como preparadores fisicos, depois, já, como treinadores e, de igual modo, a aproximação de eruditos, fomentou o esquecimento do futebol lateralizado, empastelado, perdeu-se ronha e manha, esqueceu-se a charutada, marcações homem a homem ou à zona.
Hoje, o futebol, modalidade desde sempre jogada no solo, de preferência com a bola “à flor da relva”, é dito de vertical (?), jogado em ataque continuado, construído desde trás porque, provavelmente, os jogadores não saberão sair a jogar.
Naquela época também não havia tantos papagaios televisivos a botarem palavra, dizendo o que não sabem e sabendo o que não dizem. Ali, nos antípodas da modernidade, alguém dizia que o jogador chutara com o pé que tinha mais à mão, ou que era rápido por ter um baixo centro de gravidade, porém, era gente capaz de explicar o jogo.

Jorge Coroado
“O Jogo” 15 setembro 2019

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