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Global Media à espera da banca para voltar a despedir

22 de Fevereiro de 2019


A administração da Global Media Group, dona do “Diário de Notícias” (DN), “Jornal de Notícias” (JN), TSF e “O Jogo”, está a negociar com a banca um plano de emagrecimento que poderá conduzir ao corte de mais de 100 empregos, grande parte dos quais jornalistas. O cenário extremo apontaria para uma redução que chegaria às 200 rescisões e uma boa parte de colaboradores. O plano não está fechado, dependendo de negociações, quer internas, quer com a banca.

Contactado pelo Expresso, o grupo responde que “não comenta assuntos internos”. Mas o Expresso apurou junto de fontes do grupo que o plano estratégico em avaliação pela banca e acionistas envolverá uma severa racionalização de custos para inverter uma exploração deficitária, contrariada apenas pelo contributo positivo do Jornal de Notícias.

No biénio 2016/17 o grupo acumulou perdas de 9 milhões de euros. O exercício de 2018 terá gerado perdas mais pesadas, apesar do desempenho favorável do JN. As direções do JN (que apresenta lucros todos os anos) e de O Jogo (próximo do equilíbrio) ter-se-ão manifestado indisponíveis para proceder a despedimentos. A racionalização terá um forte impacto na frente laboral.

Avenças e colaborações serão igualmente revistas. BCP e Novo Banco surgem na dupla função de credores e acionistas, com 10,5% do capital cada um. A dívida bancária ronda os 30 milhões.

Capital de Macau

Há cinco anos, o grupo combinou rescisões amigáveis com um despedimento coletivo para cortar 150 empregos, procedendo dois anos depois a uma reorganização acionista que conduziu à entrada do empresário macaense Kevin Ho (30%).

Aplicou na altura 15 milhões de euros, mas o dinheiro injetado gastou-se depressa. A edição em papel do DN continua com vendas baixas, com os dados auditados pela APCT a revelarem uma circulação paga a menos de metade das expectativas iniciais da administração, que anunciou objetivos de vendas de 25 mil exemplares por edição quando o DN passou para semanário, no início do verão passado.

O empresário macaense, sobrinho do antigo chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho, ficou, entretanto dono do edifício-sede do JN.

Obras para acolher JN

O diário do Porto está em processo de mudança até ao fim do ano e para isso precisa de obras de adaptação do novo edifício, uma antiga garagem, avaliadas em dois milhões de euros.

Para isso precisa que a banca forneça dinheiro fresco. As rescisões dependem, igualmente, de financiamento por parte de BCP e Novo Banco, sendo que pelo menos o BCP tem mostrado resistência em financiar a reestruturação.

A reorganização da Global Media é um movimento que decorre da nova realidade da Controlinveste, a holding do empresário Joaquim Oliveira, que declarou falência e segue para liquidação.

A reorganização poderá acolher uma nova recomposição acionista do grupo de media. Oliveira, após reduções sucessivas, permanece com uma posição de 19%. Na estrutura acionista surge ainda José Pedro Soeiro, um ex-partner da Deloitte que evoluiu para investidor financeiro e se reparte entre Lisboa e Londres. A pista que o levou a substituir António Mosquito e Luís Montez na estrutura acionista estará na ligação ao banqueiro angolano Carlos Silva, aquando da passagem por Angola como presidente executivo da Sociedade Baía de Luanda, um projeto ligado à Sonangol, Banco Privado Atlântico e BCP.

Abílio Ferreira – Expresso Diário/Economia 22 fevereiro 2019

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