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Augusto M. Seabra “comentador” do antigamente…

28 de Novembro de 2018


O Público de hoje publica nada menos de dois « comentários » de Augusto M. Seabra : um sobre um realizador de cinema e outro sobre um cantor de ópera. Confesso nunca tal ter visto num diário de referência europeu, onde os comentários de cinema e de ópera são assumidos por especialistas diferentes e claramente confirmados em cada uma destas áreas culturais. Ora, o dito Seabra procede no caso do cinema como no caso da ópera com uma incrível ligeireza, inadmissível num diário de referência. (Nobre-Correia)

No primeiro texto, Seabra afirma a certa altura, a propósito do filme Antes da Revolução « que Bertolucci fez na sua cidade — também a cidade de Verdi —, Parma ». Ora Verdi nasceu em Roncole (que se chama hoje Roncole Verdi !) na província de Parma, o que não é a mesma coisa que a cidade de Parma.

Por outro lado, Seabra despacha em grande velocidade o filme Novecento de Bernardo Bertolucci : « Sim, Bertolucci fez filmes tão desastrados ou mesmo horrendos como 1900 ». Sem se dignar explicar por que é « desastrado ou mesmo horrendo », quando é isso que um leitor espera de um crítico de cinema : quais as razões técnicas e estéticas que o levam a fazer tais afirmações a propósito de um filme que muitos consideram no entanto como uma verdadeira obra prima ?

Quanto ao texto sobre o falecimento do cantor Álvaro Malta, o dito Seabra permite-se afirmações tão aproximativas como « E foi aí que, salvo erro em 1971 ». Ora, a obrigação de um especialista é de verificar precisamente os dados que avança antes de escrever sobre qualquer assunto, sobretudo se é considerado e se considera como especialista na matéria.

Seabra faz jornalismo no segundo decénio do século XXI como se fazia ainda nos últimos decénios do século XIX, quando os leitores tinham praticamente acesso apenas ao “seu” jornal. Só que um século e meio passou sem que manifestamente Seabra se tenha dado conta e continue a fazer um jornalismo inaceitável hoje em dia, sobretudo num diário de referência. É que, agora, os cidadãos podem ter acesso a uma multiplicidade de fontes de informação e darem-se assim conta das insuficiências pedantes de certos “comentadores”…

J.-M. Nobre-Correia
Facebook, 27 de novembro de 2018.

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