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O melhor mesmo é dissolver os falsos jornalistas

O José Manuel Fernandes gosta de fedelhos… isto no sentido que o poeta António Botto dava à frase, de lhes ir ao… e de lhes dar conselhos.
O melhor mesmo é dissolver os falsos jornalistas (Carlos Matos Gomes)

O artigo de José Fernandes é um trabalho de mistificação. O Observador é um projecto mistificador. Sob a forma de um jornal esconde-se um instrumento de manipulação de opinião. O Observador não quer informar, quer condicionar o pensamento e logo as reacções do publico consumidor e eleitor.

A tese de Fernandes assenta nas técnicas da publicidade e das religiões: primeiro cria-se a necessidade (incluindo a de um Deus) e depois leva-se a massa a adquiri-la. Fernandes não é, nunca foi um jornalista, foi sempre um missionário, um vendedor. Está na sua natureza ser um pastor, isto desde a adolescência como militante da sociedade igualitária até à de militante da causa da sociedade da competição e da lei do mais forte. 

A afirmação de que é necessário ouvir o povo para o perceber – no caso ouvir os que votaram Bolsonaro – é a demonstração de que ele e o Observador são uma espécie electrónica dos antigos jornais do clericalismo mais ardente A Ordem, do Porto, ou do Novidades. Órgãos de endoutrinação. Os jornalistas e os jornais não têm que compreender o “povo” (seja o povo o que for).

Os jornalistas e os jornais (meios de comunicação) têm, em vez de perceber o povo que informar o povo. Informar o povo é fornecer-lhe elementos para o povo perceber como, quem e com que meios o estão a conduzir numa determinada direcção para obterem dele a aceitação ou a adesão. Quem tem de perceber o povo são os políticos e os jornalistas o que deviam era tentar perceber o que os políticos pensam, o que pretendem. 

O José Manuel Fernandes não tem que perceber o povo, tem de perceber os que têm o povo como matéria prima. Quando o José Manuel Fernandes afirma que temos de perceber o povo para perceber as suas opções (no caso o voto num fascista) o que está a dizer é que temos de aceitar que os militantes pregadores com púlpito em órgão de comunicação (com ou sem carteira de jornalista), adeptos da nova ordem que Bolsonaro (no caso, mas podia ser Trump ou qualquer dos populistas emergentes), continuem a fazer o seu trabalho de pastoreio.

Não os jornalistas não têm de perceber o povo. O José Manuel Fernandes não é um jornalista, é um técnico de marquetingue, é um agitador, é um pastor de uma IURD e o Observador não é um jornal, é um veículo de propaganda, é uma igreja, uma madrassa, se quisermos. O José Manuel Fernandes e o Observador sim, têm de conhecer o povo para o levarem a votar e a escolher na ordem que eles transmitem e querem impor. 

O melhor mesmo era, em vez de trocadilhos de vendedor de banha da cobra, os jornalistas informassem o povo, em vez de o aldrabarem com a ideia de que o querem compreender – seguindo aquela frase atribuída a António Botto: Gosto de fedelhos, vou-lhes ao… e dou-lhes conselhos. 

O José Manuel Fernandes e o Observador gostam de fedelhos… E há quem goste do José Manuel Fernandes e do Observador. E até do Correio da Manhã.

Carlos Matos Gomes

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» O melhor é mesmo dissolver o povo e eleger outro [1] (José Manuel Fernandes)