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Não há bela sem senão

22 de Maio de 2015


Jardim? Porquê? Que mais valia?

Como já noticiámos, na RTP algo parece estar a mudar positivamente no capítulo da análise e do comentário político. As explicações de Paulo Dentinho ao jornal “Público” confirmam essa primeira impressão. Mas, sabe-se, não há bela sem senão. Por que raio continuam os responsáveis da RTP, e não só, a convidar o desprestigiado ex-ditador da Madeira, Alberto João Jardim? Será pela excelência do seu pensamento político? Ou pelos desgraçados resultados da sua grotesca governação de 40 anos? Ou, ao contrário, procura-se apenas alguém para ‘animar’ o debate proferindo as bojardas que caracterizam o ex-soba ilhéu? (Ribeiro Cardoso)

Comentário político volta à RTP1 em horário nobre com Jardim na estreia

As Palavras e os Atos estreia dia 28, e o primeiro programa vai abordar as candidaturas presidenciais à direita. RTP inspirou-se num modelo francês: o painel de comentadores varia a cada edição e não é remunerado.

Não haverá comentadores fixos e o painel de intervenientes, moderado por Carlos Daniel, mudará a cada quinta-feira, para abarcar políticos e ex-políticos, analistas, politólogos, activistas e até jornalistas. As Palavras e os Atos, o novo programa de comentário político da RTP, estreia na próxima quinta-feira, dia 28 e pretende fazer um “debate político alargado e aberto”.

Será emitido às quintas-feiras, logo a seguir ao Telejornal, em pleno horário nobre, e terá uma duração de 50 minutos. “Será o único programa de debate político em horário nobre da televisão generalista portuguesa. Diverso, plural e com contraditório – e isso também é serviço público”, descreve ao PÚBLICO o director de Informação da RTP, Paulo Dentinho.

“O meu desafio era criar um programa que pudesse permitir um debate político alargado, e que tivesse diversos intervenientes, não só das forças partidárias já estabelecidas como das emergentes, mas fosse também aberto a outras pessoas como analistas, politólogos e jornalistas”, conta aquele responsável.

O director conta que se inspirou no programa francês Mots Croisés (Palavras Cruzadas), emitido no canal de serviço público France 2 desde 1997. Recorde-se que Dentinho era correspondente da RTP em Paris desde 2006 quando em Março foi convidado pela administração liderada por Gonçalo Reis para dirigir a Informação.

O modelo sem comentadores fixos é “muito mais flexível e enriquecedor” do debate. “Se tivermos sempre as mesmas pessoas todas as semanas, ao fim de algum tempo já sabemos o que defendem”, argumenta Paulo Dentinho. E permite, por exemplo, fugir ao espartilho da lei que rege a cobertura eleitoral, mantendo-se o programa durante a campanha e pré-campanha eleitorais.

O primeiro programa vai abordar a questão da indecisão dos candidatos presidenciais à direita e um dos convidados confirmados é Alberto João Jardim, o ex-presidente do Governo Regional da Madeira.

Questionado sobre se o facto de haver sempre comentadores diferentes não prejudica a fidelidade dos espectadores ao programa, o director de Informação da RTP diz que o modelo de ter sempre participantes fixos “pode fazer sentido numa televisão privada” pelo facto de tendencialmente agarrar as audiências. “Mas é um dever do serviço público mostrar outros olhares, vozes e pensamentos. Se assim contribuirmos para ajudar os espectadores a terem melhor opinião, estaremos a cumprir a nossa obrigação”, justifica.

“Não nos move a fixação das audiências e essa estratégia para manter um público fiel é um dos aspectos da luta das audiências”, acrescenta o director de Informação, que se apressa a esclarecer que, embora também se preocupe com os níveis de espectadores dos seus canais, prefere olhar para esses números “não como um instrumento de submissão mas de reflexão”.

E os comentadores serão remunerados? Paulo Dentinho prefere uma resposta indirecta: “Nós [RTP] estamos a cumprir o nosso dever de informar. Outros devem vir aqui explicar o que pensam e os seus projectos para o país. É um princípio que deve estar em todas as cabeças com espírito de serviço público.” Mas não, não serão remunerados pela sua participação em As Palavras e os Atos.

Maria Lopes – “Público” 22 maio 2015

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