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Faz muita falta, o Daniel Ricardo

15 de Fevereiro de 2015


Daniel Ricardo é indissociável do Clube de Jornalistas e sobretudo do que este tem tido de melhor. Transcrevo com poucas alterações, como homenagem insuficiente, o que escrevi há pouco noutro local.

O Daniel Ricardo, de quem não pude despedir-me, era um amigo e um camarada. Desinteressadamente, que é o que significam amizade e camaradagem. Não o conheci das escolas, como outros mais jovens, mas sim da imprensa, em jornais e revistas. Nunca trabalhámos na mesma publicação, mas quase sempre perto, geograficamente ou em empresas.

O Daniel era daqueles que não queriam nem precisavam de alardear lealdade, saber, competência e firmeza, na profissão a que se entregou durante muitas décadas (e, para quem disser que os bons são os de antigamente, ou que antigamente é que era bom, devo dizer que ontem e hoje não houve muitos como ele). Era, no jornalismo português, uma experiência e uma memória de mais de quatro décadas, que temperava com humor ou com os seus humores, aberto aos novos tempos sem se refugiar em épocas falsamente douradas.

Era como uma rocha, mas com a inteligência e a sensibilidade que faltam às rochas. O companheirismo e a solidariedade eram nele constantes, quer em situações de confraternização amena quer em momentos difíceis. Devo-lhe isso, como decerto muitos outros. Recordo o seu rigor nas funções que desempenhou e a facilidade cordial com que enfrentava outros pontos de vista. Não condescendia com falhas levianas e fundamentava as posições que assumia sem sectarismo nem paternalismo, dentro da tolerância do seu modo de ser.

Foi um dos pilares do Clube de Jornalistas (onde o vimos pela última vez na recente assembleia geral), como o tinham sido Acácio Barradas e mais longinquamente Manuel da Silva Costa, decisivo na fundação deste Clube (mencionando apenas alguns dos já falecidos).

Lembro a sua atenção exigente às regras da nossa profissão e ao uso competente da língua portuguesa na imprensa, reflectida no seu trabalho editorial regular e em manuais de redacção ou outros trabalhos que publicou.

O Daniel deixa-nos mais sós, mas esteve connosco durante todo o tempo (e foi muito) que lhe foi possível. Faz muita falta o Daniel Ricardo, mesmo a quem não trabalhava diariamente com ele. Deixo a minha homenagem a um grande jornalista e o meu pesar à sua família e aos que recolheram o seu exemplo.

Francisco Belard

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